XADREZ VIVO
ESCOLA MUNICIPAL PIRATINI EI.EF
CURITIBA - PARANÁ
Dimas de Mello Braga
Turmas:- Ciclos I e II
XADREZ VIVO: UM XEQUE - MATE NA INDISCIPLINA
Curitiba – PR
2008
OBJETIVOS
Geral
* Favorecer o desenvolvimento de características cognitivas, sociais e afetivas utilizando o jogo Xadrez - Vivo.
Específicos
* Apresentar as normas básicas do xadrez e os elementos necessários para a sua compreensão.
* Estimular a atenção, o silêncio e a reflexão como aspectos fundamentais para a aquisição das habilidades necessárias ao jogo de xadrez.
* Incentivar o desenvolvimento de relações interpessoais.
* Potencializar a capacidade de raciocínio lógico-matemático.
* Desenvolver a criatividade e o uso da imaginação mediante a busca de soluções dos problemas ocorridos.
* Responsabilizar-se pelos próprios atos, reconhecer os acertos e erros.
* Desenvolver a auto-estima e a capacidade de superação.
* Desenvolver a capacidade de autonomia a partir da tomada de decisões indivduais no transcorrer das partidas.
* Aumentar o controle da impulsividade evitando ações irreparáveis.
* Expressar as próprias opiniões e defendê-las racionalmente.
* Criar um ambiente favorável, em que as qualidades das crianças possam sobressair; com a apropriação de habilidades, responsabilidade, liderança, sociabilidade, criatividade, tornando-os cidadãos conscientes.
Atualmente, o xadrez é considerado como arte, esporte e ciência; com este tríplice título ele deve ser ensinado e cultivado. Como jogo: é esporte intelectual, competição, desafio criador, divertimento, higiene mental e repouso. Como ciências: é estratégia (tática e técnica), estudo, pesquisa, imaginação, descobrimento (e descoberta), ideal de perfeição e como arte é harmonia, representação, mensagem de beleza, encanto espiritual, emoção, prazer cultural, felicidade; sendo a música clássica considerado um encontro com o Criador. Ao contrário do que parece, o xadrez não é um jogo apenas para pessoas inteligentes. Toda criança que tenha capacidade normal,( desde que motivada ) dedicação objetiva e devoção ao jogo pode-se tornar um bom jogador.
2. REFERENCAL TEÓRICO
A História do Xadrez
Abordaremos a história do xadrez focalizando escolas de pensamentos, fatos e enxadristas mais importantes de cada período. (apud. Wilson da Silva, 2004).
Período Antigo (até 1600) Período Moderno (de 1600 até hoje)
1. Primitivo (até 500 dc) 1.Clássico ou Romântico (de 1600 a 1886)
2. Sânscrito (de 500 a 600) 2. Científico (de 1886 a 1916)
3. Persa (de 600 a 700) 3. Hipermoderno (de 1916 a 1946)
4. Árabe (de 700 a 1200) 4. Eclético (de 1946 até hoje
5. Europeu de (1200 a 1600)
PERÍODO ANTIGO ( até 1600)
Período Primitivo (até 500 dc)
O Período Primitivo da história do xadrez não pode ser estudado sem um conhecimento prévio de outros jogos de tabuleiro. É necessário observar os jogos que existiam antes do xadrez aparecer, e somente depois é possível entender as fontes e razões que fizeram surgir o xadrez. Hoje, historiadores do xadrez como Yuri Averbach, acreditam na possibilidade do xadrez ter evoluído de um jogo de corrida, embora essa questão esteja longe de ser consensual.
Período Sânscrito (de 500 a 600)
É geralmente aceito que é o ancestral do Xadrez mais antigo conhecido surgiu na Índia entre os séculos VI e VII da era cristã e chamava-se Chaturanga (jogo dos quatros elementos). Era praticado tanto por duas como por quatro pessoas. Descrevemos a forma para quatro pessoas. Cada jogador possuía oito peças: um Ministro (hoje Dama),um Cavalo, um Elefante (hoje bispo), um Navio (mais tarde carruagem e hoje a Torre) e quatro Soldados (atualmente os Peões).
Período Persa ( de 600 a 700 )
Por volta do século VII o xadrez chegou na pérsia e passou a ser chamado de Chatrang, sendo mencionado em muitos textos deste período. As primeiras peças de xadrez descobertas também datam desta época.
Período Árabe (de 700 a 1200 )
Com a Pérsia sendo conquistada pelos árabes o jogo assou a ser chamado de Shatranj. Logo se tornou muito popular no mundo árabe e surgiram os primeiros grandes jogadores que desenvolveram a teoria e chegaram inclusive a praticá-la às cegas. Os árabes difundiram o xadrez pelo norte da África e Europa, através da invasão da Espanha.
Período Europeu (de 1200 a 1600 )
Por volta do século IX o xadrez foi introduzido na Europa pela invasão da Espanha pelos Mouros, e no século XI já era amplamente conhecido no velho mundo. No século XIII as casas do tabuleiro assaram a ser divididas em duas cores para facilitar a visualização dos enxadristas.
Por volta de 1561 o padre espanhol Ruy Lopes de Segura, que foi o melhor jogador deste período, propôs a utilização do roque. Esta alteração será aceita nas Inglaterra, França e Alemanha somente 70 anos depois.. O movimento En Passant já era usado em 1560 por Ruy Lopes, embora não se conheça seu criador. O duplo avanço do peão em sua primeira jogada surgiu em 1823, em um manuscrito europeu.
Mas uma das principais alterações aconteceu aproximadamente em 1485, na renascença italiana, surgindo o xadrez da “rainha enlouquecida”. Até esta época não existia a peça rainha, e em seu lugar havia uma chamada Ferz, que era uma espécie de Ministro. Ele, que só podia deslocar-se uma casa por vez pelas diagonais, transformou-se em Dama ( Rainha) ganhando o poder de mover-se para todas as direções.
Os Bispos, que só se moviam em diagonal duas casas, passaram a ter também mais liberdade movendo-se por todas as casas livres da diagonal. Os Peões que chegassem à ultima fila seriam promovidos a uma peça já capturada. Atualmente os Peões podem a ser promovidos a Dama, Torre, Bispo ou Cavalo.
PERÍODO MODERNO ( de 1600 até hoje )
Período Clássico ou Romântico (de 1600 a 1886 )
Este período é caracterizado principalmente por uma predominância do elemento criativo, sobre o esportivo. Não bastava ganhar, amas tinha que ser feito com estilo. O jogo aberto, com ataque rápido e fulminante, cheio de belas combinações foi marca registrada do movimento
Nomes como Greco, Stamma, Philidor, Deschapelles e Laboudonnais são alguns dos precursores do movimento, mas é através de Staunton, Anderssem e Morphy que o movimento chegou a maturidade.
Em 1851 foi realizado o primeiro Torneio Internacional durante a Exposição Universal de Londres., e foi vencido pelo alemão Adolf Anderssem.
Morphy fo o melhor jogador deste período e suas contribuições para o desenvolvimento do xadrez são indeléveis:
En dos direcciones se dirige la aportación esencial de Morphy em el terreno de la técnica ajedrecística, es decir en el conocimiento de los princípios posicionales que se popularizarian más tarde. El primer principio (...) estipula que cada jugada debe contribuir en lo posible al desarrollo; el segundo afirma que el buen desarrollo se hace tanto más efectivo cuanto de la posición abierta. Esto equivale a decir que al bando mejor desarrollo le interesa abrir el juego y al peor desarrollo mantenerio cerrado en lo posible (Reti, 1985, p. 22).
Período Científico (de 1886 a 1946 )
Este período foi marcado pelas idéias de Wilhem Steinitz que lançou as bases do xadrez moderno. Suas idéias estão incorporadas no que chamamos hoje de xadrez posicional, e por isso é considerado uma espécie de Aristóteles do xadrez.
Os planos de Stenitz são novos, baseados no acúmulo de pequenas vantagens que o adversário cede, onde consideradas separadamente, nada representam, mas acumuladas podem construir uma vantagem decisiva. Um dos méritos de Stenitz foi perceber que uma partida de xadrez gira em torno de um delicado equilíbrio de forças.
Para conseguir vantagem em um desses elementos (Tempo, Espaço e Matéria) deve-se ceder algum outro tipo de vantagem de igual ou aproximado valor. Em outras palavras, nada se obtém grátis em uma partida bem equilibrada de xadrez. Steintz foi campeão mundial por 28 anos, de 1866 a 1894 .
Emanuel Lasker, que derrotou Steinitz, foi também uma figura singular no xadrez. Doutor em filosofia e matemático, via o xadrez como uma constante luta de duas vontades. Também como Steinitz procurou desvendar os princípios fundamentais que regem a conduta da partida de xadrez, mas posicionou o escopo de sua análise tanto na técnica quanto nas idiossincrasias do enxadrista. O seu estilo, que consistia em desequilibrar a oposição nem semre realizando as melhores jogadas, mas sim o lance mais desagradável para cada adversário, recebeu o nome de Escola Psicológica .
Após manter-se como Campeão Mundial por 27 anos, de 1894 a 1921, Lasker perdeu o título ara o cubano José Raul Capablanca.
Capablanca, mestre do xadrez posicional, foi um dos melhores jogadores de todos os tempos. Aprendeu o jogo aos quatro anos e demonstrou uma aptidão natural para o xadrez jamais vista. Era praticamente imbatível e não perdeu nenhuma partida oficial de 1915 a 1924, mas enfim perdeu o título mundial em 1927 para Alexander Alekhine.
Para Capablanca cada partida era única e cada lance que executava tinha significação particular. Ao contrário do princípio de Morphy que estabelecia para a abertura o desenvolvimento de uma peça em cada lance, sua teoria era que uma peça deve ser jogada quando e onde seu desenvolvimento se encaixe no plano de jogo que o enxadrista tem em mente.
Período Hipermoderno ( de 1916 a 1946 )
Com a descoberta das leis que governam o jogo posicional o xadrez passou por um período um pouco engessado, onde os dogmas clássicos deveriam ser sempre observados. Foi então que jovens talentosos enxadristas como Alekhine, Reti, Bogolijubow e Breyer ousaram questionar estes dogmas.
Em 1924, foi fundada em Paris a Fédération Internationale dês Échces (FIDE).
Com 156 federações nacionais filiadas representando mais de cinco mlhões de jogadores é uma das maiores organizações esportivas mundiais reconhecidas elo International Olympic Committee (IOC).
Período Eclético (a partir de 1946)
Este período é caracterizado ela incorporação e refinamento dos princípios descobertos anteriormente. Os Grandes Mestres deste período são exímios tanto na tática quanto na estratégia, embora muitas vezes seu estilo possa pender para o jogo posicional ou tático.
Com a morte de Alekhine em 1946 o título ficou vago e a FDE passou a regulamentar a disuta elo título, sendo que a primeira aconteceu em 1948 e fo vencda por Mikahail Botvinnik (Rússia). Os campeões a partir daí foram os seguinte:- Vasily Smyslov ( Rússia ), Mikhail Thal ( Letônia ), Tigran etrossian ( Armênia ), Bors Spassky ( Rússia ), Bobby Fischer ( EUA ), Anatoly Karpor ( Rússia ), Garry Kasarov ( Azerbaijão ), Lexander Khalifman ( Rússia), Viswanathan Anand ( Índia ), Ruslan Ponomariov ( Ucrânia ) que é o mais jovem campeão mundal da história.
No campo escolar um ponto importante deve ser assinalado. Em 1986 a FIDE e a UNESCO criaram o Committe on Chess in Schools ( CCS ) que tem um importante pael na dfusão do ensino e na democratização do xadrez enquanto instrumento pedagogico.
2.1 O Valor Educativo do Xadrez Vivo e a Indisciplina
A aprendizagem do xadrez requer constância, rigor e disciplina. O pensador espanhol José Ortega e Gasset disse: "É impossível fazer algo importante no mundo se não se reúne estas qualidades: força de vontade e disciplina".
Ainda que demore, a vontade há de se formar.
O filósofo espanhol Fernando Savater, em seu livro O Valor de educar, diz:
não se pode educar um menino sem contrariar-lhe em maior ou
menor medida. Para poder moldar seu espírito é preciso formar antes
sua vontade e isso sempre dói bastante
Para a criança o jogo é muito importante, tanto que ela joga toda sua personalidade; isto é: para ela a sua participação é de vencer ou vencer; não joga apenas para passar o tempo. Segundo alguns estudiosos, o jogo é o trabalho da infância ao qual a criança dedica-se com alegria e desprendimento.
Na maioria das vezes essa atitude não é levada à sério, sendo ignorado a grandeza dos valores educativos que o jogo oferece.
O ingresso da criança na escola é algo muito diferente daquele que viveu até então; terá obrigações a cumprir, que sua vida dedicada ao jogo terá uma mudança consideravel, porque exigirá maior atenção e concentração e, que muitas vezes acarretará a insegurança e até mesmo a indisciplina.
Mas o que é Indisciplina? Qual é sua origem? Como poderemos trabalhar com ela?
INDISCIPLINA, s.f. Rebeldia, Desordem, Rebelião ( Francisco da Silveira Bueno; Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 11ª edição,1976)
Alguns alunos demonstram total desinteresse e a abnegação clara por aquilo que se pretende ensinar ou qualquer outro comportamento impróprio, por vezes não são mais do que chamadas de atenção ao professor sobre os sua maneira de ensinar ou como desenvolver uma aula prazerosa. As regras devem ser claras com os alunos; pois se houver mudanças, pode desencadear o descontrole total da disciplina. Muitas vezes essas regras são contestadas pelo aluno, por não concordar com as mesmas; até mesmo pelo mérito imposto pelo educador, sua parcialidade e seus critérios de apreciação. O aluno não aceita o professor ou a sua matéria, e o professor muitas vezes, não consegue despertar no aluno o interesse, nem motivação pela suas aulas; também citamos aquele aluno que infelizmente já vem “rotulado..! daí surge a indisciplina.
São vários os motivos da indisciplina em sala de aula, tais como a
desigualdade social (miséria e a fome), problemas familiares (famílias desestruturadas), drogas... influência de ídolos da mídia televisiva e dos jogos de vídeo game violentos, a incapacidade do professor (formas agressivas no tratamento com as crianças, rotulagem e a estigmatização...), as doenças adquiridas. Outro ponto importante a relatar é o cabedal de conhecimentos adquirido pelo aluno antes de sua chegada para a escola, entre eles os valores e atitudes.
A indisciplina pode ser um reflexo do esfacelamento familiar, a falta de autoridade e limites, até mesmo pode surgir como a outra alternativa ao seu insucesso escolar ao espelhar em seus colegas de escola, e acreditar ser inferior. Muitas vezes não estão ligadas as aulas ou as disciplinas. Este insucesso muitas vezes são oriundos de certos valores, que ele pensa serem assumidos pelo agrupamento social, ou até mesmo por vários tipos de preconceitos e à rejeição e, que o mesmo não vê refletido nele. Até mesmo sua aparência, maneira de falar e agir pode provocar comportamentos indisciplinados.
LA TAILLE (1994, p. 9)
Crianças precisam sim aderir a regras que implicam valores e formas de conduta e estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os limites implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social — a família, a escola, a sociedade como um todo.
A falta de entendimento, a imaturidade, o baixo rendimento escolar, a agressividade muitas vezes com origem familiar e até mesmo pelas drogas, entre outros, devem ser observados como sintomas de distúrbios complexos que é preciso tratamento especializado, sem o qual as repressões ou sanções serão totalmente inúteis e até mesmo desencadear o agravamento dos sintomas. A indisciplina, então, passa a ser vista como uma atitude de desrespeito, de intolerância aos acordos firmados, do não cumprimento de regras capazes de estabelecer a conduta de uma criança ou até mesmo de um grupo. Um comportamento de desobediência é qualquer ato ou lacuna que contraria alguns princípios do regimento escolar estabelecidos pela escola ou pelo professor até mesmo pela comunidade. A indisciplina vai na contramão à autoridade do educador. Para vencê-la, o professor terá que usar de todos os “artifícios” disponíveis de sua experiência profissional: compromisso,”negociação” e a criatividade; uma saída são os jogos, um deles é sem dúvida alguma é o jogo de xadrez. (vivo)
Existe uma diferença muito grande no significado o jogo de xadrez para o adulto e para a criança. Para nós, na maioria das vezes jogamos “para deixar o tempo passar”. Para as crianças o jogo é “tudo ou nada”; aí é que entra a motivação do professor para que a criança tenha prazer diante da beleza e do desafio que o xadrez proporciona. Com auxilio do professor a criança deve encontrar sua própria maneira de jogar; no entanto, teremos que evitar, que as mesmas sejam induzidas aos nossos “vícios”. O Xadrez Vivo, proporciona as crianças de como sair de uma situação difícil; alternativas de soluções e as conseqüências dessas ações. Dá a elas autoridade nas tomadas das decisões, valorizando sua auto-estima e conseqüentemente sua responsabilidade; dando para nós “um xeque-mate na indisciplina”.
Ao mesmo tempo aprender que as peças no jogo xadrez são todas importantes, mas, que deve-se controlar e observar atentamente, tanto as próprias peças, como as do adversário, para armar uma tática final, ou seja : “esnucar” o Rei, dando o “xeque-mate”.
A idéia é que em uma época na qual o mundo gira em torno da cibernética, com mudanças a todo instante, a melhor ferramenta que a criança pode obter em sua escolaridade é o pensamento lógico e a criatividade; e isso, sem dúvida alguma o Xadrez Vivo proporciona, através de sua magia, da beleza inocente que embala os sonhos infantis.
Para uma sociedade melhorar é preciso (investimento nas séries iniciais das escolas públicas) que suas crianças, sejam estimuladas, tenham oportunidades, que não sejam castradas em seus sonhos em sua tenra idade. É preciso que se incida nelas um sentido social. É indispensável que as crianças sejam desafiadas em sala de aula e fora dela, através de jogos, (informática) para serem melhores do que são, caso contrário cai-se na mesmice e no “lenga-lenga” de sempre, ou seja: desde muito cedo não se realiza nada, como acontece atualmente em muitas das escolas públicas municipais de Curitiba.
2.2 Capacidades Desenvolvidadas com o Estudo e a Prática do Xadrez
Vivo
Depois de anos pesquisando o desenvolvimento da concentração em crianças e adolescentes podemos afirmar que o progresso mais acentuado coincide com o começo da prática do jogo de xadrez, o qual influi, sem dúvida, na mentalidade deles. Krogius, N. V. - La Psicologia em ajedrez.
Segundo António Lopez e José Monedero,no livro Xadrez Essencial (Editora Paidotribo, Barcelona)
O xadrez pode desenvolver mais de duas dezenas de qualidades básicas muito úteis para a vida do ser humano: imaginação, concentração, planificação, previsão, memória, espírito de luta, controle dos nervos, capacidade de decisão, criatividade, organização, autocrítica, objetividade, intuição, capacidade de cálculo, visão espacial, sociabilidade, lógica, sobreposição ao fracasso e vontade, entre outras .
No mês de agosto de 1988, em Timissoara ( Romênia ) foi realizado o Seminário Escolar de Xadrez da FIDE, onde Constantino Paizis proferiu uma palestra "sobre a influência na formação da personalidade das crianças em idade escolar". Está palestra aponta dois problemas básicos que enfrenta o instrutor de xadrez: controlar o espírito de competição dos jovens jogadores e superar a desinformação dos pais quanto aos aspectos educacionais do xadrez. Pais também fornecem argumentos em favor da tese de que o xadrez tem implicações, em longo prazo, na formação da personalidade e, portanto, é um excelente instrumento na educação. As informações aqui apresentadas provêm desta palestra.
A criança, acabando de aprender as regras do jogo e começando a jogar, está em uma trilha de delicado equilíbrio.
Inicialmente ela passa de um modo egocêntrico, elaborando planos e combinações que poderiam ser realizadas se seu oponente não fizesse lances. Aos poucos, vai percebendo que o lado oposto procura obstruir a realização de seus planos, ela começa a temê-lo mas não muda de atitude, continua a jogar do mesmo modo egocêntrico, simplesmente desejando que o adversário não seja capaz de penetrar nos seus planos e, portanto, permita que ela vença a partida atingindo, assim, um ponto crítico e delicado: o espírito
de competição se desenvolve. Como evoluir? Neste ponto a interferência do professor é necessária para controlar esta força, pois se for deixada sozinha, poderá ter conseqüências perigosas.
O espírito de competição exagerado pode levar a concentração de todas as energias numa só atividade limitada, negligenciando
a evolução homogênea da personalidade. Pode levar, também, o grande desapontamento que por sua vez vão deixar marcas profundas no caráter da criança, como falta de autoconfiança, acomodação, etc.
Por isso, o professor tem que entrar em ação e motivar o jovem praticante a jogar xadrez pelo prazer, mais do que para vencer a qualquer custo. Ele deve mostrar a seus alunos a riqueza das variantes e linhas de abertura, a criatividade do meio de jogo e a lógica do final. Em poucas palavras, imprimir na mente dos aprendizes a beleza sem fim do xadrez, ao invés de valorizar a efêmera glória da vitória. (apud, Wilson da Silva,2004)
Entretanto, o imenso mérito do Xadrez Vivo,é que ele responde a uma das questões do ensino dinâmico: dar a possibilidade a cada aluno de progredir segundo seu próprio ritmo, com responsabilidade, valorizando assim a motivação pessoal e social.
Ensino enxadrístico pode inverter a relação professor-aluno, colocando em xeque as hierarquias instituídas na sala de aula, o que não acontece no Xadrez Vivo.
Existem ainda experiências utilizando o xadrez como terapia ocupacional, contribuindo para a inserção familiar e social de crianças,
adolescentes e mesmo adultos infratores ou em liberdade assistida.
Além disso, quando ele é introduzido nas classes de baixo rendimento escolar, auxilia ao desenvolvimento da autoconfiança, da responsabilidade e socialização; visto que apresenta uma situação na qual os alunos têm a oportunidade de descobrir uma atividade onde onde se destacar e, paralelamente, aumentar sensivelmente seu progresso em outras disciplinas.
2.3 As Características do Xadrez e suas ImplicaçõesEducaciona (apud,Wilson da Silva, 2004)