XADREZ VIVO

 

ESCOLA  MUNICIPAL PIRATINI  EI.EF

                                             CURITIBA - PARANÁ

 

                                             Dimas de Mello Braga

 

                                             Turmas:- Ciclos I e II

 

   

 

XADREZ VIVO: UM XEQUE - MATE NA INDISCIPLINA

 

 

   

 

                                              Curitiba – PR

                                                      2008

  OBJETIVOS
 
Geral
 
* Favorecer o desenvolvimento de características cognitivas, sociais e afetivas utilizando o jogo Xadrez  - Vivo.
 
 
Específicos
 
* Apresentar as normas básicas do xadrez e os elementos necessários para a sua compreensão.
* Estimular a atenção, o silêncio e a reflexão como aspectos fundamentais para a aquisição das habilidades necessárias ao jogo de xadrez.
* Incentivar o desenvolvimento de relações interpessoais.
* Potencializar a capacidade de raciocínio lógico-matemático.
*    Desenvolver a criatividade e o uso da imaginação mediante a busca de soluções dos problemas ocorridos.
*  Responsabilizar-se pelos próprios atos, reconhecer os acertos e erros.
*    Desenvolver a auto-estima e a capacidade de superação.
*  Desenvolver a capacidade de autonomia a partir da tomada de decisões indivduais no transcorrer das partidas.
*    Aumentar o controle da impulsividade evitando ações irreparáveis.
*    Expressar as próprias opiniões e defendê-las racionalmente.
*  Criar um ambiente favorável, em que as qualidades das crianças possam sobressair; com a apropriação de habilidades, responsabilidade, liderança, sociabilidade, criatividade, tornando-os cidadãos conscientes.
           Atualmente, o xadrez é considerado como arte, esporte e ciência; com este tríplice título ele deve ser ensinado e cultivado. Como jogo: é esporte intelectual, competição, desafio criador, divertimento, higiene mental e repouso. Como ciências: é estratégia (tática e técnica), estudo, pesquisa, imaginação, descobrimento (e descoberta), ideal de perfeição e como  arte é  harmonia, representação, mensagem de beleza, encanto espiritual, emoção, prazer cultural, felicidade; sendo a música clássica considerado um encontro com o Criador. Ao contrário do que parece, o xadrez não é um jogo apenas para pessoas inteligentes. Toda criança que tenha capacidade normal,( desde que motivada ) dedicação objetiva e devoção ao jogo pode-se tornar um bom jogador.
 
 
2.    REFERENCAL TEÓRICO
 
       A   História  do  Xadrez
                       Abordaremos a história do xadrez focalizando escolas de pensamentos, fatos e enxadristas mais importantes de cada período. (apud. Wilson da Silva, 2004).
    Período Antigo (até 1600)                  Período Moderno (de 1600 até hoje)
     1. Primitivo (até 500 dc)              1.Clássico ou Romântico (de 1600 a 1886)
     2. Sânscrito (de 500 a 600)         2. Científico (de 1886 a 1916)
     3. Persa (de 600 a 700)               3. Hipermoderno (de 1916 a 1946)
     4. Árabe (de 700 a 1200)             4. Eclético (de 1946 até hoje
     5. Europeu de (1200  a 1600)
 
PERÍODO ANTIGO ( até 1600)
Período Primitivo (até 500 dc)
          O Período Primitivo da história do  xadrez não pode ser estudado sem um conhecimento prévio de outros jogos de tabuleiro. É necessário observar os jogos que existiam antes do xadrez aparecer, e somente depois é possível entender as fontes e razões que fizeram surgir o xadrez. Hoje, historiadores do xadrez como Yuri Averbach, acreditam na possibilidade do xadrez ter evoluído de um  jogo de corrida, embora essa questão esteja longe de  ser consensual.
 
Período Sânscrito (de 500 a 600)
           É  geralmente aceito que é o ancestral do Xadrez mais antigo conhecido surgiu na Índia entre os  séculos VI e VII da era cristã e chamava-se Chaturanga (jogo dos quatros elementos). Era praticado tanto por duas como por quatro pessoas. Descrevemos a forma para quatro pessoas. Cada jogador possuía  oito peças: um Ministro (hoje Dama),um Cavalo, um Elefante (hoje bispo), um  Navio (mais tarde carruagem e hoje  a Torre) e quatro Soldados (atualmente os Peões).
 
Período  Persa ( de 600 a 700 )
            Por  volta do século VII o xadrez chegou  na pérsia e passou a ser chamado de  Chatrang, sendo mencionado em muitos textos deste período. As primeiras peças  de  xadrez  descobertas também datam desta  época.
 
      Período Árabe (de 700 a 1200 )
           Com a Pérsia sendo conquistada pelos  árabes o jogo assou a ser chamado de  Shatranj. Logo  se  tornou muito popular no mundo  árabe e surgiram os primeiros grandes jogadores que  desenvolveram a teoria e chegaram inclusive a praticá-la às cegas. Os árabes difundiram o xadrez pelo norte da África e Europa, através da invasão da Espanha.
 
 Período Europeu (de 1200 a 1600 )
                       Por volta do século IX  o xadrez foi introduzido na Europa pela invasão da Espanha  pelos  Mouros, e no século XI já era amplamente conhecido no velho mundo. No século XIII as casas do tabuleiro assaram a ser divididas em duas cores para facilitar a visualização dos enxadristas.
                       Por volta de 1561 o padre  espanhol Ruy Lopes de Segura, que foi o melhor jogador deste período, propôs a utilização do roque. Esta alteração será aceita nas Inglaterra, França  e Alemanha somente 70 anos depois.. O movimento En Passant  já era usado em 1560 por Ruy Lopes, embora não se conheça seu criador. O duplo avanço do peão em sua primeira jogada surgiu em 1823, em um manuscrito europeu.
                         Mas uma das principais alterações aconteceu aproximadamente em 1485, na renascença italiana, surgindo o xadrez da  “rainha enlouquecida”. Até  esta  época não existia a peça rainha, e em seu lugar havia uma chamada  Ferz,  que era uma  espécie  de Ministro. Ele, que só podia  deslocar-se uma  casa por  vez  pelas diagonais, transformou-se em Dama ( Rainha) ganhando o poder de mover-se para  todas as  direções.
                       Os Bispos, que  só  se moviam em diagonal duas casas, passaram a ter também mais liberdade movendo-se por todas  as casas  livres da diagonal. Os Peões que chegassem à ultima fila seriam promovidos a uma peça já capturada. Atualmente os Peões podem a ser promovidos a Dama, Torre, Bispo ou Cavalo.
 
PERÍODO  MODERNO ( de 1600 até hoje )
Período Clássico ou Romântico (de 1600 a 1886 )
                       Este período é caracterizado principalmente por uma predominância do elemento criativo, sobre o esportivo. Não bastava ganhar, amas tinha que ser feito com estilo. O jogo aberto, com ataque rápido e fulminante, cheio de belas combinações foi marca registrada do movimento
                       Nomes como Greco, Stamma, Philidor, Deschapelles  e  Laboudonnais  são alguns dos precursores do movimento, mas é através de Staunton, Anderssem e Morphy que o movimento chegou a maturidade.
         Em 1851 foi realizado o primeiro  Torneio Internacional durante a Exposição Universal de Londres., e foi vencido pelo alemão Adolf Anderssem.
         Morphy fo o melhor jogador deste  período e suas contribuições para o desenvolvimento do xadrez são indeléveis:
 
En dos direcciones se dirige la aportación esencial de Morphy em el terreno de la técnica ajedrecística, es decir en el conocimiento de los princípios posicionales que se popularizarian más tarde. El primer principio (...) estipula que cada jugada debe contribuir en lo posible al desarrollo; el segundo afirma que el buen desarrollo se hace tanto más efectivo cuanto de la posición abierta. Esto equivale a decir que                    al bando mejor desarrollo le  interesa abrir el juego y al peor desarrollo mantenerio cerrado en lo posible (Reti, 1985, p. 22).
                            
                                                                    
Período  Científico  (de 1886 a 1946 )
                       Este período foi marcado pelas idéias de Wilhem Steinitz que lançou as bases do xadrez moderno. Suas idéias estão incorporadas no que chamamos  hoje de xadrez posicional, e por isso é considerado uma  espécie de Aristóteles do xadrez.
                      Os planos de Stenitz são novos, baseados no acúmulo de pequenas vantagens que o adversário cede, onde consideradas separadamente, nada representam, mas acumuladas podem construir uma  vantagem decisiva. Um dos  méritos de Stenitz foi perceber que  uma partida de xadrez gira em torno de um delicado equilíbrio de forças.
                       Para conseguir vantagem em um desses elementos (Tempo, Espaço e Matéria) deve-se ceder algum outro tipo de vantagem de igual ou aproximado valor. Em outras palavras, nada se obtém grátis em uma partida bem equilibrada de xadrez. Steintz  foi campeão mundial por 28 anos, de 1866 a 1894 .
   Emanuel Lasker, que derrotou Steinitz, foi também  uma figura singular no xadrez. Doutor em filosofia e matemático, via o xadrez como uma constante luta de duas vontades. Também como Steinitz procurou desvendar os princípios fundamentais que regem a conduta da partida de xadrez, mas posicionou o escopo de sua análise tanto na técnica quanto nas idiossincrasias do enxadrista. O seu estilo, que consistia em  desequilibrar a oposição nem semre realizando as melhores jogadas, mas  sim o lance mais desagradável para cada adversário, recebeu o nome de Escola Psicológica .
                         Após manter-se como Campeão Mundial por 27 anos, de 1894 a 1921, Lasker perdeu o título ara o cubano José Raul Capablanca.
   Capablanca, mestre do xadrez posicional, foi um dos melhores jogadores de todos os tempos.  Aprendeu o jogo aos quatro anos e demonstrou uma aptidão natural para o xadrez  jamais  vista. Era praticamente imbatível   e não perdeu nenhuma partida oficial de 1915 a 1924, mas enfim perdeu o título  mundial em 1927 para Alexander Alekhine.
    Para Capablanca cada partida era única e cada lance que executava tinha significação particular. Ao contrário do princípio de Morphy que estabelecia para a abertura o desenvolvimento de uma peça em  cada lance, sua teoria era que uma peça deve ser jogada quando e onde seu desenvolvimento se encaixe no plano de jogo que o enxadrista  tem em mente.
  
Período Hipermoderno ( de 1916 a 1946 )
                      Com a descoberta das leis que governam o jogo posicional o xadrez passou por um período um pouco engessado, onde os dogmas  clássicos deveriam ser sempre observados. Foi então que jovens talentosos enxadristas como Alekhine,  Reti, Bogolijubow  e  Breyer  ousaram questionar estes dogmas.
                     Em 1924, foi fundada  em Paris a Fédération  Internationale dês Échces (FIDE).
Com 156 federações nacionais filiadas representando mais de cinco mlhões de jogadores é uma das maiores organizações esportivas mundiais reconhecidas elo International Olympic Committee (IOC).
         
 Período Eclético  (a partir de 1946)
      Este período é caracterizado ela incorporação e refinamento dos princípios descobertos anteriormente. Os Grandes Mestres deste período são exímios tanto na tática quanto na estratégia, embora muitas vezes seu estilo possa pender para o jogo posicional ou tático.
     Com a morte de Alekhine em 1946 o título ficou vago e a FDE passou a regulamentar a disuta elo título, sendo que a primeira aconteceu em 1948 e fo vencda por Mikahail Botvinnik (Rússia).  Os campeões a partir  daí foram os seguinte:- Vasily Smyslov ( Rússia ), Mikhail Thal ( Letônia ),  Tigran etrossian ( Armênia ), Bors Spassky ( Rússia ),  Bobby Fischer ( EUA ), Anatoly Karpor  ( Rússia ), Garry Kasarov ( Azerbaijão ), Lexander  Khalifman ( Rússia), Viswanathan Anand ( Índia ), Ruslan Ponomariov ( Ucrânia ) que é o mais jovem campeão mundal da história.
 No campo escolar um ponto  importante deve ser assinalado. Em 1986 a  FIDE e a UNESCO  criaram  o  Committe  on  Chess  in  Schools ( CCS )  que tem  um importante pael na dfusão do ensino e na democratização do xadrez enquanto instrumento pedagogico.
 
2.1     O Valor  Educativo do Xadrez Vivo e a Indisciplina
           A aprendizagem do xadrez requer constância, rigor e disciplina. O pensador espanhol José Ortega e Gasset disse: "É impossível fazer algo importante no mundo se não se reúne estas  qualidades: força de vontade e disciplina".
           Ainda que demore, a vontade há de se formar.
           O filósofo espanhol Fernando Savater, em seu livro O Valor  de educar, diz:
                    não  se  pode  educar  um  menino  sem   contrariar-lhe  em  maior ou
                        menor  medida. Para poder moldar seu espírito é preciso formar antes
                        sua      vontade e isso sempre dói bastante
 
           Para a criança o jogo é muito importante, tanto que ela joga toda sua personalidade; isto é: para ela a sua participação é de vencer ou vencer; não joga apenas para passar o tempo. Segundo alguns estudiosos, o jogo é o  trabalho da infância ao qual a criança dedica-se com alegria e desprendimento.
           Na maioria das vezes essa atitude não é levada à sério, sendo ignorado a grandeza dos valores educativos que o jogo oferece.
           O ingresso da criança na escola é algo muito diferente daquele que viveu até então; terá obrigações a cumprir, que sua vida dedicada ao jogo terá uma mudança consideravel, porque exigirá  maior atenção e concentração e, que muitas vezes acarretará a insegurança e até mesmo a indisciplina.
            Mas o que é Indisciplina? Qual é sua origem? Como poderemos trabalhar com ela?
            INDISCIPLINA, s.f. Rebeldia, Desordem, Rebelião ( Francisco da Silveira Bueno; Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, 11ª  edição,1976)
           Alguns alunos demonstram total desinteresse e a abnegação clara por aquilo que se pretende ensinar ou qualquer outro comportamento impróprio, por vezes não são mais do que chamadas de atenção ao professor sobre os sua maneira de ensinar ou como desenvolver uma aula prazerosa. As regras devem ser claras com os alunos; pois se houver mudanças, pode  desencadear o descontrole total da disciplina. Muitas vezes essas regras são contestadas pelo aluno, por não concordar com as mesmas; até mesmo pelo mérito imposto pelo educador, sua parcialidade e seus critérios de apreciação. O aluno não aceita o professor ou a sua matéria, e o professor muitas vezes, não consegue despertar no aluno o interesse, nem motivação pela suas aulas;  também citamos aquele aluno que infelizmente já vem “rotulado..! daí surge a indisciplina. 
  São  vários  os  motivos  da  indisciplina  em  sala de aula, tais como a
desigualdade social (miséria e a fome), problemas familiares (famílias desestruturadas), drogas... influência de ídolos da mídia televisiva e dos jogos de vídeo game violentos, a incapacidade do professor (formas agressivas no tratamento com as crianças, rotulagem e a estigmatização...), as doenças adquiridas. Outro ponto importante a relatar é o cabedal de conhecimentos adquirido pelo aluno antes de sua chegada para a escola, entre eles os valores  e atitudes.
 A indisciplina pode ser um reflexo do esfacelamento familiar, a falta de autoridade e limites, até mesmo pode surgir como a outra  alternativa ao seu insucesso escolar ao espelhar em seus colegas de escola, e acreditar ser inferior. Muitas vezes não estão ligadas as aulas ou as disciplinas. Este insucesso muitas vezes são oriundos de certos valores, que ele pensa serem assumidos pelo agrupamento social, ou até mesmo por vários tipos de preconceitos e à rejeição e, que o mesmo não vê refletido nele. Até mesmo sua aparência, maneira de falar e agir pode provocar comportamentos indisciplinados.
                    LA TAILLE (1994, p. 9)
Crianças precisam sim aderir a regras que implicam valores e formas de conduta e estas somente podem vir de seus educadores, pais ou professores. Os limites implicados por estas regras não devem ser apenas interpretados no seu sentido negativo: o que não pode ser feito ou ultrapassado. Devem também ser entendidos no seu sentido positivo: o limite situa, dá consciência de posição ocupada dentro de algum espaço social — a família, a escola, a sociedade como um todo.  
A falta de entendimento, a imaturidade, o baixo rendimento escolar, a agressividade muitas vezes com origem familiar e até mesmo pelas drogas, entre outros, devem ser observados como sintomas de distúrbios complexos que é preciso tratamento especializado, sem o qual as repressões ou sanções serão totalmente inúteis e até mesmo desencadear o agravamento dos sintomas. A indisciplina, então, passa a ser vista como uma atitude de desrespeito, de intolerância aos acordos firmados, do não cumprimento de regras capazes de estabelecer a conduta de uma criança ou até mesmo de um grupo. Um comportamento de desobediência é qualquer ato ou lacuna que contraria alguns princípios do regimento escolar  estabelecidos pela escola ou pelo professor até mesmo pela comunidade. A indisciplina vai na contramão  à autoridade do educador. Para vencê-la, o professor terá que usar de todos os “artifícios” disponíveis de sua experiência profissional: compromisso,”negociação” e a criatividade; uma saída são os jogos, um deles  é  sem dúvida alguma é o jogo  de  xadrez. (vivo)
             Existe uma diferença muito grande no significado o jogo de xadrez para o adulto e para a criança. Para nós, na maioria das vezes jogamos “para deixar o tempo passar”. Para as crianças o jogo é “tudo ou nada”; aí é que entra a motivação do professor para que a criança tenha prazer diante da beleza e do desafio que o xadrez proporciona. Com auxilio do professor a  criança deve encontrar sua própria maneira de jogar; no entanto, teremos que evitar, que as mesmas sejam induzidas aos nossos “vícios”. O Xadrez Vivo, proporciona as crianças de como sair de uma situação difícil; alternativas de soluções e as conseqüências dessas ações. Dá a elas autoridade nas tomadas das decisões, valorizando sua auto-estima e conseqüentemente sua responsabilidade; dando para nós “um xeque-mate na indisciplina”.
            Ao mesmo tempo aprender que as peças no jogo xadrez  são todas importantes, mas, que  deve-se controlar e observar atentamente, tanto as próprias peças, como as do adversário, para armar uma tática final, ou seja : “esnucar” o Rei, dando o “xeque-mate”.
                            A idéia é que em uma época na qual o mundo gira  em torno da cibernética, com mudanças a todo instante, a melhor ferramenta que a criança pode obter em sua escolaridade é o pensamento lógico e a criatividade; e isso, sem dúvida alguma o Xadrez Vivo proporciona, através de sua magia, da beleza inocente  que embala os sonhos infantis.  
                       Para uma sociedade melhorar é preciso (investimento nas séries iniciais das escolas públicas) que suas crianças, sejam estimuladas, tenham oportunidades, que não sejam castradas em seus sonhos em sua tenra idade. É preciso que se incida nelas um sentido social. É indispensável que as crianças sejam desafiadas em sala de aula e fora dela, através de jogos, (informática) para serem melhores do que são, caso contrário cai-se na mesmice e no “lenga-lenga” de sempre, ou seja: desde muito cedo não se realiza nada, como acontece atualmente em muitas das escolas públicas municipais de Curitiba.
 
2.2     Capacidades Desenvolvidadas com o Estudo e a Prática do Xadrez
       Vivo      
                          Depois de anos pesquisando o desenvolvimento da concentração em crianças e adolescentes podemos afirmar que o progresso mais acentuado coincide com o começo da prática do jogo de xadrez, o qual influi, sem dúvida, na mentalidade deles. Krogius, N. V. - La Psicologia em ajedrez.
              Segundo António Lopez e José Monedero,no livro Xadrez Essencial (Editora Paidotribo, Barcelona)
 
   O xadrez pode desenvolver mais de duas dezenas de qualidades básicas muito úteis para a vida do ser humano: imaginação, concentração, planificação, previsão, memória, espírito de luta, controle dos nervos, capacidade de decisão, criatividade, organização, autocrítica, objetividade, intuição, capacidade de cálculo, visão espacial, sociabilidade, lógica, sobreposição ao fracasso e vontade, entre outras .
 
              No mês de agosto de 1988, em Timissoara ( Romênia ) foi realizado o Seminário Escolar de Xadrez da FIDE, onde Constantino Paizis proferiu uma palestra "sobre a influência na formação da personalidade das crianças em idade escolar". Está palestra aponta dois problemas básicos que enfrenta o instrutor de xadrez: controlar o espírito de competição dos jovens jogadores e superar a desinformação dos pais quanto aos aspectos educacionais do xadrez. Pais também fornecem argumentos em favor da tese de que o xadrez tem implicações, em longo prazo, na formação da personalidade e, portanto, é um excelente instrumento na educação. As informações aqui apresentadas provêm desta palestra.
             A criança, acabando de aprender as regras do jogo e começando a jogar, está em uma trilha de delicado equilíbrio.
             Inicialmente ela passa de um modo egocêntrico, elaborando planos e combinações que poderiam ser realizadas se seu oponente não fizesse lances. Aos poucos, vai percebendo que o lado oposto procura obstruir a realização de seus planos, ela começa a temê-lo mas não muda de atitude, continua a jogar do mesmo modo egocêntrico, simplesmente desejando que o adversário não seja capaz de penetrar nos seus planos e, portanto, permita que ela vença a partida atingindo, assim, um ponto crítico e delicado: o espírito
de competição se desenvolve. Como evoluir? Neste ponto a interferência do professor é necessária para controlar esta força, pois se for deixada sozinha, poderá ter conseqüências perigosas.
              O espírito de competição exagerado pode levar a concentração de todas as energias numa só atividade limitada,  negligenciando
 a evolução homogênea da personalidade. Pode levar, também, o grande desapontamento que por sua vez vão deixar marcas profundas no caráter da criança, como falta de autoconfiança, acomodação, etc.
            Por isso, o professor tem que entrar em ação e motivar o jovem praticante a jogar xadrez pelo prazer, mais do que para vencer a qualquer custo. Ele deve mostrar a seus alunos a riqueza das variantes e linhas de abertura, a criatividade do meio de jogo e a lógica do final. Em poucas palavras, imprimir na mente dos aprendizes a beleza sem fim do xadrez, ao invés de valorizar a efêmera glória da vitória. (apud,  Wilson da Silva,2004)
                        Entretanto, o imenso mérito do Xadrez  Vivo,é  que ele responde a uma das questões do ensino dinâmico: dar a possibilidade a cada aluno de progredir segundo seu próprio ritmo, com responsabilidade, valorizando assim  a motivação  pessoal e social.
                          Ensino enxadrístico pode inverter a relação professor-aluno, colocando em xeque as hierarquias instituídas na sala de aula, o que não acontece no Xadrez Vivo.
                         Existem ainda experiências utilizando o xadrez como terapia ocupacional, contribuindo para  a inserção familiar e social de crianças,
adolescentes e  mesmo  adultos infratores ou em liberdade assistida.
                          Além disso, quando ele é introduzido nas classes de baixo rendimento  escolar, auxilia ao  desenvolvimento da autoconfiança, da responsabilidade e socialização; visto  que  apresenta uma situação na qual os alunos têm a oportunidade de  descobrir uma atividade onde onde se destacar e, paralelamente, aumentar sensivelmente seu progresso em outras disciplinas.
2.3   As   Características   do   Xadrez   e suas ImplicaçõesEducaciona    (apud,Wilson da Silva, 2004)


 

 CARACTERÍSTICAS DO XADREZ IMPLICAÇÕES NOS ASPECTOS
EDUCACIONAIS E DE FORMAÇÃO DO CARÁTER
 
Concentração enquanto Imóvel da
Cadeira.
 Desenvolvimento do auto-controle
Psicofísico.
Fornecer o número de movimento num tempo.
 Avaliação da hierarquia do problema e a locação do tempo disponível.
Movimentar peças após exaustiva análise lances seguintes.
 Desenvolvimento da capacidade para pensamento abrangente e profundo.
Encontrado um lance, a
 Procura de outro melhor.
 Empenho no progresso contínuo.
De uma posição a princípio igual,
Direcionar a uma conclusão
Brilhante (combinação )
 Criatividade e imaginação
O resultado indica quem
Tinha o melhor plano.
 Respeito à opinião do interlocutor.
Entre várias possibilidades ,escolher uma única,sem ajuda externa.
 Capacidade para o processo de tomar
Decisões com autonomia.
Um movimento deve ter conseqüência
Lógica do anterior devendo apresentar o seguinte.
 Capacidade para o pensamento e
Execução lógicos ,auto consciência e fluidez de raciocínio.

 3.  PROCEDIMENTOS  METODOLÓGICOS
 
3.1       A Caracterização do Espaço pedagógico
             
       A Escola Municipal Piratini teve seu início com o nome Grupo Escolar Pinheirinho, construído no bairro do mesmo nome, à rua Izaac  Ferreira da Cruz, com recursos da  Fundação  Educacional do Paraná (Fundepar), inaugurado em março de 1972, sendo propriedade do Governo do Estado do Paraná.
       Em abril de 1972 a administração da Escola tornou-se responsabilidade da Prefeitura de Curitiba, que contratou o corpo docente, providenciou a direção e abriu as matriculas de  10 de abril de 1972, passando a funcionar à rua João Malta de Albuquerque Maranhão,nº 104, como Escola de Emergência Jardim Piratini,a  partir desta data houve as seguintes alterações de denominação:-
-         Decreto    34/74  – Escola Municipal Piratini
-         Decreto   561/74 -  Unidade Escolar Piratini
-         Decreto  642/76  -  Escola de 1º Grau Piratini
-         Decreto 1094/77 -  Escola  Piratini – Ensino de 1º Grau
-         Autorização de funcionamento     01552/79
-         Última Resolução de  Prorrogação de Autorização de Funcionamento  da Escola 1818/94 de 30/03/94
-         Autorização de Funcionamento e última Resolução de Prorrogação de Autorização de  Funcionamento de jovens e Adultos – 26/93 com Resolução de  Prorrogação 321/98 de 19/01/98
-         Decreto 09/99 – Escola municipal Piratini – Ensino Fundamental
A Escola Municipal Piratini – Ensino Fundamental – oferece os cursos de acordo com a  demanda:
-         Ensino Fundamental dividido em I e II ciclos com  4 ou 5 anos incluindo a etapa Inicial (Educação Infantil) no I  ciclo.
-         Educação de jovens e adultos.
                          A estrutura física assim se apresenta:-
-         11 salas de aula
-         01 sala biblioteca
-         01 sala para  laboratório de informática
-         01 sala para almoxarifado
-         01 sala para mimeografia
-         01 sala supervisão / orientação
-         01 sala para diretoria
-         01 sala para uso dos funcionários da limpeza
-         01 sala para cozinha (Risotolândia)
-         01 sala para cozinha da escola (funcionários)
-         02 banheiros para professores
-         07 banheiros para os alunos
-         01sala para materiais de educação física
-     01 quadra poliesportiva coberta (  pátio onde se encontra  pintado o  tabuleiro de xadrez  gigante 8 x 8 )
-         01  terreno com aproximadamente  2 mil metros quadrado  (ocioso)
      A Estrutura  de  pessoal  é  assim distribuída:-
-         Direção (1)
-         Vice-Direção (1)
-         Pedagogos (2)
-         Professores  regentes (22)
-         Professores de Educação Física (3)
-         Ensino de Arte e Literatura ( 1)
-         Co-regentes(3)
-         Secretárias (2)
-         Inspetoras de Alunos (3)
-         Serviço de cozinha (2)
-         Guarda (1)
-         Serviço de limpeza terceirizado ( 7 )
-         Serviço de cantina (merenda) terceirizado ( Risotolândia )
-         Espaço
 
A  clientela da escola  é constituída por famílias compostas de 3 até 11 pessoas, a maioria dos pais é  responsável pela prole, entretanto há um número pequeno de crianças, cuja responsabilidade, é de avós ou padrastos que vivem  com a mãe ou pai, devido à separações.
                              Existe um número significativo de pais desempregados e de mães que trabalham como diaristas e empregadas domésticas. A renda familiar varia de R$ 180,00 a R$ 1.200,00 na maioria das famílias.
 
3.2       Coletas de Dados 
              Esta pesquisa ocorreu em uma escola municipal da cidade de Curitiba-PR, situada no bairro Pinheirinho, atendendo a uma população média baixa.
             A metodologia de trabalho adotada foi a abordagem de pesquisa qualitativa que, segundo Lüdke e André (1986, p. 13), “envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes”.
            Os professores envolvidos nesta pesquisa trabalham com a 1ª etapa do Ciclo I e a 2ª etapa do ciclo II e 1º ano.
            Os alunos envolvidos têm de 6 a 12 anos.
            A pesquisa de campo iniciou-se em março de 2004, registrando um total e 50 ensaios (anual) e dezenas de apresentações à comunidade.
            O Projeto de Xadrez Vivo foi desenvolvido semanalmente, envolvendo aproximadamente 80  ( cem)  alunos por turno, em sala de aula e pátio da escola, em regime de contra turno, com alunos da Etapa Inicial  e 1ª e  2ª etapa do Ciclo I e II, todas as quartas–feiras, em período matutino e vespertino.
 
  3.3      Atividades
            As atividades semanais, foram desenvolvidas no período de fevereiro a dezembro de 2004 a 2007, baseadas nos seguintes pontos:
1.      Distribuição dos papéis no tabuleiro, em duas equipes diferentes – branca e preta;
2.      Entrada de todas as peças (alunos) no tabuleiro;
3.      Início das evoluções pertinentes a coreografia e a música escolhida;
4.      Cada música (quatro por ensaio) contém uma coreografia específica, isto é, uma simulação diferente de batalha;
5.      O jogo é encerrado quando acontece o xeque-mate;com uma evolução final;
6.      Nas salas de aula regular, o professor trabalhou o histórico do xadrez, o movimento das peças, a criação de textos sobre o xadrez, a soma e subtração – noção de quantidade, cor e tamanho. No laboratório de Informática o professor estimulou a pesquisa escolar no Portal Aprende Brasil sobre o xadrez (Conteúdo multimídia:
Alunos > Ciclos| e ||  > Conteúdo multimídia > Quadriculados e coordenadas.
Alunos > Ciclos | e || > Conteúdo multimídia > Funções exponeciais e logarítmicas.) e as músicas, assim como o jogo de xadrez no computador.
          O desenvolvimento do trabalho se propôs a estimular as seguintes habilidades:
             * Explicação, observação e memorização do movimento das peças;
              *  Aplicação dos movimentos aprendidos;
             *  Desenvolvimento da percepção;
             * Desenvolvimento da atenção durante as explicações dos possíveis movimentos;
             *  Análise das variações dos possíveis movimentos;
             *  Tomada de decisão;
             *  Criação de uma estratégia a partir das análises da posição;
             *  Conhecimento do linguajar específico do próprio pensamento;
             *  Identificação características do  próprio pensamento;
             *  Aprendizagem a partir do erro e valorização do acerto 
             *  Desenvolvimento do ato de dramatizar (representação).
 

  APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADO

              O projeto do Xadrez Vivo um xeque-mate na indisciplina propiciou aos alunos uma maior interação em sala de aula, pois possibilitou à eles , melhora da auto estima, desenvolvimento da criatividade, raciocínio lógico-matemático, favoreceu o desenvolvimento da autonomia, controle da impulsividade  e melhoria da disciplina.
            Observamos que os alunos que tinham muita dificuldade para o relacionamento social, comunicação e expressão, tornaram-se mais independentes e auto-confiantes. .Demonstrando-se mais participativos, comunicativos e desinibidos. 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
                      O objetivo da pesquisa foi favorecer o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, visando a melhoria dos aspectos intelectuais associados á memorização, raciocínio, observação, reflexão crítica e analítica através de dramatização e jogo do xadrez.
                   Como mencionei na introdução do trabalho, ao longo da minha trajetória profissional, sempre se tive a grande preocupação com as crianças que apresentam dificuldades na aprendizagem, por vários motivos, principalmente indisciplina.
                    Durante o desenvolvimento do projeto , procurei adequar meus objetivos às expectativas dos alunos ,levando em  consideração suas diferenças individuais
                  Obtive total aceitação por parte das crianças participantes e não participantes, bem como da comunidade em geral .
                  Concluo que os resultados obtidos com a aplicação do  projeto foram satisfatórios , pois consegui alcançar os objetivos propostos.
                        O  presente estudo é o início de reflexões que poderão encorajar pesquisas que investiguem mais á fundo o tema proposto .
 

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